Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães foi publicada em 1836 dando início ao período da literatura romântica no Brasil. Essa fase literária foi composta de três gerações:
1ª Geração - Conhecida também como nacionalista ou indianista, pois os escritores desta fase valorizaram muito os temas nacionais, fatos históricos e a vida do índio, que era apresentado como " bom selvagem" e, portanto, o símbolo cultural do Brasil. Destaca-se nesta fase os seguintes escritores : Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias.
Domingos José Gonçalves de Magalhães- foi um médico, professor, diplomata,
Gonçalves Dias- Nascido no Maranhão. Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular. Foi estudar na Europa, retornando em 1845, após bachelar-se. Gonçalves Dias pediu Ana Amélia, sua musa inspiradora, em casamento mas a família dela recusou o pedido. Em 1864, o navio onde estava naufraga ocorrendo, assim, sua morte.
2ª Geração - Conhecida como Mal do século, Byroniana ou fase ultra-romântica. Os escritores desta época retratavam os temas amorosos levados ao extremo e as poesias são marcadas por um profundo pessimismo, valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e da sociedade. Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. Entre eles, destacamos: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
Casimiro de Abreu- Nasceu em 1839. Tinha vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e ocupou a cadeira 6 na academia brasileira de letras.A tuberculose interrompeu sua vida em 1860.
Fagundes Varela- Poeta romântico e boêmio, foi um dos maiores poetas brasileiros, em seu tempo. Ingressou no curso de Direito, abandonou o curso no quarto ano. Casou-se muito novo. Morreu com 34 anos de idade.
Junqueira Freire- Nascido em Salvador, Bahia, em 1832, ficou conhecido por sua obra Inspirações do Claustro. Morreu em 1855.
3ª Geração - Conhecida como geração condoreira, poesia social ou hugoana. textos marcados por crítica social. O maior representante desta fase foi Castro Alves.
POESIAS
1ª geração:
Dahin, dahin! Mocht' ich.... ziehn.
GOETHE
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Em me lembro! Eu me lembro! - Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E, erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.
"Que pode haver maior que o oceano,
"Ou que seja mais forte do que o vento?!
É maior do que o mar que nós tememos,
"Mais forte que o tufão" meu filho, ´' - Deus!"
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia Orquestra
— é o mar, que ruge pela proa,